Você está vivendo a sua quaresma espiritual?

Você está vivendo a sua quaresma espiritual?

Estamos no período da Quaresma que marca 40 dias do Carnaval até a Páscoa. Para cristãos é um período extremamente importante, tempo de preparação para receber o Cristo ressuscitado.

Mas o que significa viver a Quaresma para você? Para mim é um momento de evolução espiritual intenso e extremamente transformador. O tempo de fechar ciclos, rever minha caminhada até aqui e buscar melhorar aqueles pontos que ainda precisam ser melhor lapidados. É hora de faxinar alma, coração, corpo físico liberando o que já cumpriu o seu papel com perdão, acolhimento e sem culpa, afinal, cada momento, cada situação, ação, reação, sentimento, emoção foi aquilo que deveria ser naquela hora, já que não estava espiritualmente preparada para algo diferente daquilo.

Fui batizada na Igreja Católica, estudei em colégio franciscano, aos 12 anos queria ser freira, cursei jornalismo em faculdade católica, amo o Papa Francisco como amava João Paulo II.

Eu adoro estudar religiões e filosofias que tratam de espiritualidade – e hoje sou espiritualista, mas percebo que sou muito mais cristã que muita gente que bate no peito com orgulho para afirmar que é cristão só que no dia a dia não vive os ensinamentos do Cristo. Na verdade, acredito que o cerne principal de todas as religiões e filosofias espirituais é o Amar ao próximo. Deus é puro amor e amor não aceita julgamentos e nem intolerância. Amor une e não separa, amor acolhe a todos – principalmente os diferentes – e não marginaliza.

Vivemos tempos bem conturbados e as religiões andam sendo pivós de guerras e discursos de ódio. Ou seja, as pessoas se dizem religiosas e ao invés de amar ao próximo destilam ódio por todos aqueles que pensam diferente dele como se só houvesse um caminho da verdade espiritual.

Incoerência e deturpação daquilo que o Deus cristão sempre colocou como o bem maior: amar ao próximo como a ti mesmo. Temos matado Cristo diariamente defendendo o indefensável como tortura e disseminando discurso de ódio.

Se andamos destilando ódio no lugar do amor é porque não amamos nem a nós mesmos e nem a Deus ou aos outros. E não adianta ir na missa ou no culto de domingo e sair de lá e maltratar pessoas, ignorar dores alheias, julgar, odiar, marginalizar.

A Quaresma é o período ideal para refletirmos sobre a nossa conduta em direção ao caminho espiritual. Costumo brincar que é muito fácil ser zen morando nas montanhas, difícil é ser zen morando em cidades e convivendo com os outros. Será que os outros são realmente o inferno como diz a frase famosa?

Será que o inferno não é a gente mesmo que cria ao se afastar de nossa missão de vida? Ao levantar muros ao invés de construir pontes?

Você já pensou sobre a sua missão de vida? Você age de acordo com ela? Ou apenas deixa a vida te levar?

Você recorre a Deus apenas nas dificuldades ou lembra dele e pratica seus ensinamentos no dia a dia?

Não somos perfeitos – se fóssemos perfeitos já não estaríamos vivos nesta encarnação na Terra – mas podemos e devemos melhorar como ser humano diariamente. E como você tem se comportado perante a vida cotidiana? Você age com gentileza? (Eu amo gentileza e delicadeza e a maior parte do tempo tento ser o mais gentil e delicada que posso com todos que cruzam o meu caminho, mas exatamente por ser imperfeita vez ou outra tropeço e esqueço da gentileza, trato alguém mal, com estupidez. Viver com gentileza é hábito que deve ser exercitado todos os dias em todos os momentos).

A Quaresma de 2019 está sendo extremamente intensa e transformadora para mim, a maioria dos meus fantasmas e monstros internos vieram à tona e tenho tentado – do meu jeito e dentro do meu possível – lidar com cada um deles.

Não é um processo fácil, mas se até o Cristo precisou passar pelo deserto das tentações vãs, por que nós poderíamos passar direto para a festa do renascimento? E para renascer é preciso primeiro morrer para o velho.

Me dei um tempo para realmente me recolher, não socializei muito – ficar 100% recolhida atualmente é quase impossível – me aceitar, acolher sem julgar e sem me culpar por nada. Hoje sinto que estou quase lá, no final da minha quaresma para chegar a minha melhor versão e poder voltar aos poucos ao convívio social, dizendo não muito mais vezes, colocando limites naquilo que permito ou não em cada situação, relação.

Aproveito o post inspirado para pedir perdão, com o coração aberto, para todos aqueles que porventura tenha magoado nos últimos tempos, aqueles que por algum motivo me afastei ou deixei de dar atenção. Sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grata! As palavras-chaves do Ho oponopono são perfeitas para este momento.

E você como está vivendo a sua Quaresma?