Saudade é a medida do amor
Dia 30 de janeiro é o Dia da Saudade e nós brasileiros adoramos dizer que a língua portuguesa é a única que tem a palavra Saudade em seu dicionário e que os equivalentes em outras línguas como Miss You não trazem em si toda a força intrínseca da saudade, mas eu acredito que o sentimento associado a palavra seja universal e que cada um tem seu jeito próprio de sentir e demonstrar o que sente.
Tem ainda quem associe saudade com um sentimento não tão bom por expressar um sentimento de falta de alguém ou de algo, o que poderia deixar a pessoa presa no passado vivido com alguém ou com um lugar, um bom momento, impedindo que veja o lado bom de viver o aqui e agora.
Para mim saudade é a medida do Amor, já que sentimos saudade de quem amamos ou de lugares e momentos que nos marcaram. E a saudade é a forma do coração eternizar aquela pessoa ou aquele lugar, aquele momento em nós mesmos, trazendo na lembrança a felicidade dos bons momentos vividos.
De certo existem diversos tipos de saudade, a mais difícil de lidar é a daqueles que já partiram para uma outra dimensão e por não estarem mais nesse plano físico se torna impossível encontrá-los para dizer tudo que sentimos, contar as novidades que gostaríamos de dividir com eles. Mas ao mesmo tempo termos boas lembranças das presenças deles em nossas vidas é um sentimento bom que ajuda a lidar com a falta e a tristeza.
Como bem definiu Clarice Lispector: “Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”
Ou ainda Rubem Alves: “Saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”.
Para Olavo Bilac: “saudade: presença dos ausentes”.
E eu concordo com Carlos Drummond de Andrade: “Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante”.
Pela visão de uma psicóloga
A coordenadora e psicóloga do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, Letícia Cavalcante, destaca que “Sentir saudade não é sinônimo de tristeza. Sentir saudade demanda manter nosso coração em paz e nossas emoções positivas. Sendo assim um exercício para corpo, mente e alma, no qual o resultado é o de nos fortalecer. As pessoas que trabalham esse sentimento, ao invés de lutar contra ele, logo percebem esses benefícios. A reflexão e valorização do que está distante são maneiras de abordar mais saudável. Viver em harmonia com a saudade pode exigir algum esforço, mas vale muito a pena”.
“Saudade pode vir em duas vertentes: uma porque senti-la mostra que estamos atentos ao que vivemos, e que compreendemos o que vivemos. A compreensão de um momento só surge depois que ele passou. Outra porque podemos constatar que aquele tempo ou momento não volta mais, porque o tempo está em constante transformação” explica Letícia.
“Saudade é uma manifestação de um sentimento que nos conecta a uma pessoa, momento, lugar, situação e emoção. Que, também, pode levar a nós mesmo, sentir saudade de quem um dia fomos, em qualquer etapa da vida (criança, jovem ou adulto), seja no âmbito pessoal ou profissional. Saudade é reconhecer que o tempo não está sob nosso controle e que nos faz colecionar memórias importantes e inesquecíveis”, ressalta a especialista, sobre os aspectos do sentimento.
Saudade na pandemia
Nesses tempos pandêmicos parece que a saudade de tudo e todos se amplificou. Saudade do mundo sem pandemia, das pessoas que temporariamente nos afastamos por amor já que amar é cuidar e evitar o convívio social se tornou questão de saúde, das lugares que gostamos e que não estamos indo e assim por diante.
De quem ou de que você sente saudade?