51 Uaus!

E essa mulher que vos escreve completa 51 anos na quarta-feira, 15 de setembro. Sempre amei comemorar aniversários, mas esse ano tá punk, e a autocrítica exacerbada de virginiana com ascendente em Capricórnio está pegando bem pesado, hoje estou me sentindo um verdadeiro fracasso e me questionando o que fiz em 50 anos? Será que minha vida tem sido em vão esse tempo todo? Estou desperdiçando minha jornada na Terra?

2021 está sendo o pior ano da minha vida por diversos motivos – luto por minha mãe amada que era meu porto seguro, meu alicerce e que em 31 de maio fez sua passagem depois de quase um ano de sofrimento; mas na verdade o ano começou como um verdadeiro banho de água fria em meus sonhos – passei a virada de ano acreditando que estava grávida e que finalmente realizaria o maior dos meus sonhos, o de ser mãe, o exame que fiz no dia 30 de dezembro tinha dado positivo, mas como sou extremamente mental e não queria me frustrar tentei manter a cabeça no lugar e me convencer que só comemoraria após exame de sangue (que fiz na primeira semana de janeiro e o primeiro deu inconclusivo e dias depois refiz e deu negativo); o momento mundial assustador, com pandemia, volta dos horrores fascistas com seus valores toscos ; entre outros fatos externos e internos como não saber lidar com a pré-menopausa e seus sintomas (última vez que menstruei foi em novembro de 2020) e o fato de eu amar menstruar, pra mim menstruação é vida, é sagrado feminino mostrando seu poder em meu corpo.

Teve coisas boas? Até teve: meus pais vieram morar comigo em Santos de janeiro até abril. Foi bom ter eles aqui comigo, apesar de cair totalmente a ficha de que realmente eu detesto serviços domésticos, cuidar da casa, do lar, e que as posições se inverteram e de repente eu estava sendo mãe da minha mãe, lei natural da vida, mas não somos preparados para isso.

E até minha vida profissional entrou em crise – e sempre foi a área que caminhava bem apesar dos trancos e barrancos do dia a dia de uma assessoria de imprensa. Eu amo meu trabalho, sou jornalista por paixão e assessora de imprensa por dom. Atualmente escolho clientes com os quais quero trabalhar, meu escritório é home office, tenho ou tinha credibilidade com empresas e com jornalistas. Nunca precisei prospectar clientes, sempre chegam por indicação e muitas vezes são indicações de jornalistas. Mas eu hoje me sinto exausta e meio perdida, sem ter certeza da minha competência, se por um acaso perdi o timing, fiquei passada e ultrapassada.

Mas se estou assim em crise de identidade total por que escolhi o título 51 Uaus? Talvez porque é assim que desejo me sentir e olhar pra minha trajetória e dizer UAU! Eu cheguei até aqui sendo eu mesma, rompendo paradigmas, limites, estereótipos, dando a cara pra bater e pagando caro por bancar meus valores e princípios.

A recém-nascida que nasceu prematura, sem cabelo e unhas, que ficou na UTI neonatal e os médicos falaram que se vivesse um ano já estaria de bom tamanho chegou aos 51 anos, são 50 anos como sobrevivente e a certeza de que somos todos sobreviventes.

Este ano estou passando as comemorações – não é momento de aglomerar e não estou querendo socializar muito – mas escolhi um outro tipo de comemoração: vou fazer um ensaio sensual no dia do meu aniversário, numa locação que achei no airbnb, com uma vista maravilhosa e tenho curtido pensar nos looks, caras e bocas para o ensaio e foi aí que pensei no 51 Uaus!

A garotinha que sofreu bullying a infância e adolescência inteira e queria se esconder, ser invisível, fugia de fotos etc deve estar admirada com a mulher que hoje se ama, se aceita, se acolhe com defeitos, imperfeições e qualidades, que finalmente reconhece que possui uma beleza exótica, que não segue os padrões de beleza da sociedade, mas que é uma beleza que vem de dentro, da alma, da luz que emana da minha essência livre! E que a sensualidade não está nos atributos físicos e sim na forma de viver e se posicionar no mundo, porque sensual é a alma que se acolhe e acolhe seu corpo, é a alma que ama a pele que habita!

Enfim, 51 Uaus! Que seja um ano mais leve e doce…