Dia Nacional do Perdão: você sabe perdoar?

Dia Nacional do Perdão: você sabe perdoar?

Perdão, palavra bonita e tão falada pelas religiões, mas será que trazemos o perdão para nossa vida cotidiana? Será possível perdoar? Como você lida com a questão?

No Brasil temos o Dia Nacional do Perdão em 30 de agosto, a lei que deu origem a data foi criada por uma mãe que teve o filho assassinado e perdou o assassino de seu filho. Keiko Ota, que hoje é deputada federal, teve seu filho sequestrado e morto em 30 de agosto de 1997. Após conhecer os assassinos de seu filho, Keiko e o marido optaram pelo perdão e hoje desenvolvem trabalhos para ajudar outras famílias a perdoarem pessoas que cometeram crimes parecidos.

Segundo Heloísa Capelas, especialista em inteligência comportamental, diretora do Centro Hoffmann e autora do livro “Perdão, a revolução que falta”, o perdão não deve ser associado somente a casos trágicos, como o que impulsionou a criação da lei, mas sim a um processo que deve ser praticado diariamente.

“Devemos dar o perdão nosso de cada dia. Perdoar o colega de trabalho por ter tido uma conduta mal-educada durante uma reunião, perdoar um desconhecido que te fechou bruscamente no trânsito, perdoar o vizinho que não te deixou dormir à noite por conta do som alto e, principalmente, perdoar os pais e demais familiares por conta de atitudes que causaram mágoas. Perdoar é um ato de inteligência emocional e de cura interior”, diz.

Eu tento trabalhar o perdão diariamente, mas devo confessar que já fui bem melhor nisto, atualmente ando sem muita paciência e trabalhar o perdão se tornou um pouco mais difícil também. No entanto, bora melhorar isto e voltar a perdoar mais.

A especialista ressalta que perdoar nem sempre é simples, embora seja o único caminho para a libertação. “Esquecer o que aconteceu não é fácil. Temos a sensação de que perdoar seria demonstrar que a nossa dor não vale tanto assim e, desta forma, em alguns casos, entramos em um ciclo sem fim, que alimenta a vingança e o próprio sofrimento e ressentimento”, afirma.

Então, já que o perdão é uma condição fundamental para o tratamento das dores emocionais, confira quatro dicas elaboradas por Heloísa:

1- Fale sobre a sua dor

A boca fala o que o coração está sentindo. Por isso, muitas vezes, uma pessoa magoada não consegue falar de outro assunto. Estudos demonstram que, cada vez que nos recordamos dos acontecimentos que elegemos como imperdoáveis, nosso organismo reage quimicamente de forma nociva. Ou seja, não perdoar – ou ficar preso ao ressentimento – faz mal à saúde. Segundo Heloísa, transformar a dor em palavras não significa falar mal do outro, mas sim, relatar o que, de fato, aquela circunstância significa para você. Ter alguém de confiança para desabafar pode ser uma boa saída. Mas, caso você prefira fazer isso sem envolver outras pessoas, escrever em um diário pode ser uma alternativa. “Canalizar a mágoa é uma forma de centralizar sua angústia e colocar um ponto final na culpa do outro”, diz.

2- Reconheça suas fragilidades

O primeiro passo para uma vida sem culpas é reconhecer os motivos que te levaram a uma situação desconfortável. Colocar na balança a sua parcela de culpa e identificar o que você poderia ter feito para evitar o confronto é uma excelente alternativa para uma vida de desapego de sentimentos ruins. Refletir sobre os prós e os contras de tal situação é um exercício de inteligência emocional.

3- Seja o “ponto final” de maus-tratos

Segundo Heloísa Capelas, nos mais de 30 anos de trabalho como terapeuta familiar, já ouviu inúmeras vezes filhos culpando seus pais por situações não resolvidas. Essa repetição de padrão é um ponto forte no desequilíbrio das relações diárias. “Todos nós estamos em profunda conexão com o universo e o universo está igualmente conectado conosco. Quanto mais abertos e atentos estivermos a esse elo, mais preparados estaremos para receber o que é nosso por direito”, explica.

4- Dê o pontapé inicial

O poder do perdão é individual e intrasferível. Muitos pensam que perdoar é se reconciliar com o outro e, por isso, acabam na frustração. Segundo Heloisa, o apego à raiva e o sentimento de vingança tornam o ciclo mais complicado. Livrar-se dessa corrente pode salvar vidas, inclusive a sua. “Você pode perdoar em silêncio. O outro nem sempre precisa saber do seu perdão. A cura e o ponto final desse ciclo pode estar em não sentir mais raiva”, explica. (achei esta última colocação incrível, o outro nem precisa saber que você perdoou).

No final das contas perdoar é um bem tremendo para você mesmo e para a sua cura, inependente do outro saber que foi perdoado ou não. É libertador! E você sabe perdoar?