Com mais de 2.000 inscrições em seu primeiro curso, o Instituto CdC divulgou recentemente a lista dos 300 alunes que integrarão sua primeira turma de ensino, com formação em moda de forma gratuita. O curso recebeu inscrições de todas as regiões do país e, para a seletiva, André Hidalgo, André Carvalhal, Dudu Bertholini, Dudx e Neon Cunha, idealizadores do projeto, realizaram a distribuição de vagas por cotas regionais, raciais, etárias e de gênero, visando a equalização coletiva e a construção de um ambiente plurilateral, permitindo conexões entre diferentes pontos do país.

Dividido em dois grupos, compostos por alunes e estilistes que integram o line da CdC, o curso aborda em sua proposta pedagógica conhecimentos sobre imaginação política e subjetividade incorporadas às experiências e trajetórias das docentes e orientadores, questionando a falta de sintonia entre o sistema moda e os desafios sociais, econômicos, políticos e ecosóficos do mundo contemporâneo.
 

O primeiro módulo, Pororoca, orientado por Karlla Girotto, incentiva, a partir do questionamento que dá nome ao curso, imaginar qual mundo queremos para viver, compartilhar e usufruir. O intuito é ir na contramão ao processo de extermínio e exclusão social, político e econômico que os grupos sub-representados enfrentam, combatendo esta subjetividade dominante e considerando as particularidades advindas da raça, gênero e classe de cada alune.
 

“Pororoca é o encontro das águas doce de um rio e salgada do mar, é a costura entre duas forças poderosas e volumosas. E é a imagem que trouxe o nome do módulo. Portanto, é sobre isso: pensar a partir das forças que compõem os mundos, entender como se orquestra a manutenção de poderes e trabalhar para fortalecer os territórios das potências que são aqueles que expõem como os poderes são nefastos e trabalham para as forças da morte. Se queremos a vida, precisamos pensar sobre a vida e qual vida queremos”, afirma Karlla.
 

Já o segundo módulo, Cardume, orientado por Carol Barreto, estuda a moda como um espaço de interlocução política, criação artística, diagnóstico de mentalidades e expressão de histórias de vida. Com objetivo de promover, através das trocas entre alunes e orientadores, a reflexão sobre o papel do design de moda na produção e na reprodução de estereótipos e das identidades próprias.
 

“Trabalho há 20 anos como artista e acadêmica, pensando teoria e prática no design de moda, como aspectos indissociáveis para a provocação de uma desconstrução das hierarquias sociais, raciais, de gênero e suas interseccionalidades. Portanto, a oportunidade de diálogo exclusivo com uma turma de artistas do vestuário, vem ratificar o quanto os processos de ensino-aprendizagem são elaborações coletivas, voluntárias e resultantes de pensamento crítico. Nosso intento ultrapassa a materialidade das vestes e almeja a construção coletiva de modos de bem viver e conviver”, afirma Carol.
 

Os alunes que integram as turmas do primeiro curso do Instituto desenvolvem seus projetos de aprendizado junto ao time da CdC, pelo período de seis meses. Para dar uma experiência prática aos estilistas, a Riachuelo, patrocinadora do primeiro curso do Instituto, atuará junto a Casa de Criadores como apoiadora de um desafio especial, que selecionará os nomes que se destacarem para um projeto especial.
 

A lista de aprovados pode ser acessada aqui.

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Sobre o Instituto Casa de Criadores
Missão

Criar novas bases para a educação em moda e design no Brasil a partir de um entendimento de que não há um centro do mundo nem uma cultura que deva servir de base colonizadora para todas as demais. Escutar e transformar a partir de culturas que têm sido sistematicamente silenciadas.

Democratizar o acesso ao estudo e à pesquisa cultural, não por meio de mecanismos de “inclusão” ditos neutros, mas tendo como guia a demanda social para que a voz de grupos oprimidos e subalternizados seja ouvida e possa pautar novas manifestações de moda e design que não se acovardem diante das questões e conflitos de seu tempo.

Investir em processos que abram caminho para novas gerações de criadores em condições e dinâmicas que considerem os fundamentos e o desenvolvimento de uma economia solidária.

Patrocínio: Instituto Riachuelo e Riachuelo
Parceria: Rhodia, Santista e Sympla

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