Sobre ser jornalista!
7 de abril é comemorado o Dia do Jornalista e como diz uma frase popular: “Se jornalismo fosse fácil, o Super-homem teria escolhido outra profissão” jornalismo é mais que uma profissão e em tempos conturbados, no qual o jornalismo tem sido desmerecido, sofrendo uma enorme campanha para desmoralizar a profissão e o seu poder de gerar reflexões e informar, é ainda mais importante lembrar da data e reverenciar os profissionais que lutam diariamente para fazer bem o seu trabalho e desta forma ajudar a transformar o mundo, a sociedade.
Um pouquinho da história da data
O dia 7 de abril foi escolhido como o Dia do Jornalista em homenagem ao jornalista e médico Libero Badaró, morto por inimigos políticos em 1830.
Libero Badaró era oposicionista ao Imperador D. Pedro I. Badaró criou o jornal independente Observatório Constitucional que focava em tems políticos até então censurados ou encobertos. Badaró foi assassinado por defender a liberdade de imprensa. A morte do jornalista acirrou ainda mais a oposição ao governo do Imperador e foi um dos motivos de D. Pedro I renunciar em 7 de abril de 1831.
Vale lembrar que segundo pesquisa da ONG Repórteres Sem Fronteiras, divulgada em 2018, o Brasil é o segundo país que mais matou jornalistas na América Latina, no período de 2010 a 2017. Só perde para o México. (Aquele tipo de estatística que não gostaria de fazer parte do TOP 5).
Entre diversos casos famosos de jornalistas mortos por exercerem sua profissão temos Vladimir Herzog, morto pelo Regime Militar, em plena ditadura (em 25 de outubro de 1975). Vladimir era diretor de jornalismo da TV Cultura.
Sobre ser jornalista
Escolhi o jornalismo desde criança, na verdade acho que o jornalismo é que me escolheu. E o motivo? Queria ajudar a transformar o mundo em um lugar melhor, mais humano, com menos desigualdades e o jornalismo tem este poder de informar e através da informação gerar refllexões que transformam a atitude das pessoas.
Como diz minha amada amiga, professora na faculdade de jornalismo e uma das mulheres mais inspiradoras que conheço, Tecris Tesser: “Não acredito em jornalismo sem paixão”. Sim, precisamos ter paixão para abraçar a profissão que não é nada fácil, mas é tão importante.
Costumo dizer que a maioria das profissões você está, não é, mas no caso de jornalistas, médicos, bombeiros o profissional é jornalista, é médico, é bombeiro afinal como jornalista você não trabalha das 8 às 18 horas e depois vai para casa e cuida das outras áreas da sua vida. Se você é jornalista e está fora do seu horário de trabalho, mas algo acontece, você para tudo e vai exercer o jornalismo, por exemplo: é de madrugada, você está dormindo, mas o telefone toca: começou um incêndio em algum lugar e você levanta e vai cobrir a tragédia, assim como um médico que está viajando, de férias, mas alguém passa mal no avião: o verdadeiro médico socorre.
No caso da queda do avião da Chapecoense ficou claro isso, jornalistas começaram a atuar desde a primeira notícia sobre a queda e muitos viraram noites, cansados, tristes, mas trabalharam até o final.
Eu escolhi trabalhar em uma área mais bela do jornalismo, falar de variedades, estilo de vida, moda, beleza, comportamento, mas mesmo quando escolhemos atuar em segmentos mais leves também ajudamos a transformar o mundo já que ao questionar padrões sociais, de beleza, rótulos e pré-conceitos estamos convidando para reflexão e a necessidade de romper estereótipos.
Uma das melhores lembranças que tenho, da época em que ainda cursava a faculdade. Entre os jornais laboratórios que tínhamos no curso da UniSantos estava o Mural dos Morros. Fazíamos matérias sobre os morros de Santos e região e o Mural era colado em pontos de ônibus e outros locais estratégicos.
Um Carnaval, sai do baile quase de manhã, com uma das minhas irmãs e uma amiga e seu namorado da época, fomos para a praia. Minha amiga e o boy entraram no mar e eu e minha irmã ficamos sentadas na areia. Acendi meu cigarro, de repente, dois garotos chegam perto e pedem o isqueiro, empresto e um deles olha bem para mim e fala: você é a moça que escreveu sobre a falta de orelhão no morro? Respondi sim e ele completou: a gente ia assaltar vocês, mas quando vi que era você, a jornalista que ajudou o morro que eu moro pensei que não podia fazer isso. Depois da matéria instalaram orelhão no morro.
Feliz Dia do Jornalista e que esta vontade linda – de transformar o mundo e ajudar pessoas – que norteia a profissão resista e persista. Apesar e além de tudo ainda vale a pena ser jornalista e contar histórias de pessoas e fatos. Somos heróis da vida real, por mais difícil que seja o dia a dia nada glamouroso da profissão.
“O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter.” (Cláudio Abramo)
Imagem de Angela Yuriko Smith por Pixabay