Vida longa a Rainha do Pop! Madonna, 60 anos

Vida longa a Rainha do Pop! Madonna, 60 anos

Hoje, 16 de agosto, é o aniversário da Rainha do Pop, da diva Madonna que comemora 60 anos e continua aí causando, divando, empoderando outras mulheres. Leonina porreta! Exemplo a ser seguido inclusive no item saber envelhecer com dignidade (o que inclui se amar, se aceitar e não quer esconder a idade).

Madonna é mulherão em todos os sentidos, a rainha da porra toda! Sempre rompeu padrões e quebrou regras. E engana-se quem pensa que sua vida foi fácil. Madonna inclusive fala de agressões físicas e estupro com uma faca no pescoço, ela não esconde os eventos traumáticos que passou.

Feminista, Madonna é daquelas que levanta a bandeira da causa através de atos e de seu estilo de vida. Agora está na moda homens mais jovens com mulheres mais maduras viverem relacionamentos intensos e Madonna foi uma das primeiras a assumir publicamente romances com homens até 30 anos mais jovens do que ela. Para mim, feminismo é muito mais que discursos ou manuais de atitudes feministas, feminismo é ação diária, é no nosso dia a dia, nas nossas escolhas, na forma que nos posicionamos no mundo.

Na moda, Madonna ditou e dita diversas tendências, seu estilo ainda é muito copiado ao redor do mundo. Quem não lembra dos sutiãs pontiagudos, os crucifixos, as saias de tule usadas com elementos mais pesados, uma moda sexy, fetichista, por exemplo?

Mas nada melhor para homenagear a famosa aniversariante do dia que republicar o discurso dela ao receber o Prêmio de Mulher do Ano pela BillBoard, em 2016. E daqueles discursos que merecem ser lidos e relidos em momentos que o machismo impera.

“Estou aqui em frente a vocês como um capacho. Quer dizer, como uma artista feminina. Obrigada por reconhecerem minha habilidade de dar continuidade à minha carreira por 34 anos diante do sexismo e da misoginia gritante, e do bullying e abuso constante.

As pessoas estavam morrendo de AIDS em todos os lugares. Não era seguro ser gay, não era legal ser associada à comunidade gay. Era 1979 e Nova York era um lugar muito assustador. No meu primeiro ano [na cidade] eu fiquei sob a mira de uma arma de fogo, fui estuprada num terraço com uma faca na minha garganta e tive meu apartamento invadido e roubado tantas vezes que parei de trancar as portas. Com o passar do tempo, perdi para a AIDS ou para as drogas ou para as armas quase todos os amigos que tinha. Como vocês podem imaginar, todos esses acontecimentos inesperados não apenas me ajudaram a me tornar a mulher ousada que está aqui, mas também me lembraram que sou vulnerável, e que na vida não há segurança verdadeira exceto sua autoconfiança.

Eu me inspirei, é claro, em Debbie Harry e Chrissie Hynde e Aretha Franklin, mas meu muso verdadeiro era David Bowie. Ele personificava o espírito masculino e feminino e isso me agradava. Ele me fez pensar que não havia regras. Mas eu estava errada. Não há regras se você é um garoto. Há regras se você é uma garota. Se você é uma garota, você tem que jogar o jogo. Você tem permissão para ser bonita, fofa e sexy. Mas não pareça muito esperta. Não aja como você tivesse uma opinião que vá contra o status quo. Você pode ser objetificada pelos homens e pode se vestir como uma prostituta, mas não assuma e se orgulhe da vadia em você. E não, eu repito, não compartilhe suas próprias fantasias sexuais com o mundo. Seja o que homens querem que você seja, e mais importante, seja alguém com quem as mulheres se sintam confortáveis por você estar perto de outros homens. E por fim, não envelheça. Porque envelhecer é um pecado. Você vai ser criticada e humilhada e definitivamente não tocará nas rádios.

Eventualmente fui deixada em paz porque me casei com Sean Penn e estava fora do mercado. Por um tempo eu não fui considerada uma ameaça. Anos depois, divorciada e solteira, fiz meu álbum ‘Erotica’ e meu livro ‘Sex’ foi lançado. Eu me lembro de ser a manchete de cada jornal e revista. Tudo que lia sobre mim era ruim. Eu era chamada de vagabunda e de bruxa. Uma das manchetes me comparava ao demônio. Eu disse ‘Espera aí, o Prince não está correndo por aí usando meia-calça, salto alto, batom e mostrando a bunda?’ Sim, ele estava. Mas ele era um homem. Essa foi a primeira vez que eu realmente entendi que mulheres não têm a mesma liberdade dos homens.

Eu me lembro de desejar ter uma mulher para me apoiar. Camille Paglia, a famosa escritora feminista, disse que eu fiz as mulheres retrocederem ao me objetificar sexualmente. Então eu pensei, ‘Se você é uma feminista, você não tem sexualidade, você a nega’. E eu disse ‘Dane-se. Eu sou um tipo diferente de feminista. Sou uma feminista má’.

Eu acho que a coisa mais controversa que eu já fiz foi ficar aqui. Michael se foi. Tupac se foi. Prince se foi. Whitney se foi. Amy Winehouse se foi. David Bowie se foi. Mas eu continuo aqui. Eu sou uma das sortudas e todo dia eu agradeço por isso. O que eu gostaria de dizer para todas as mulheres que estão aqui hoje é: Mulheres têm sido oprimidas por tanto tempo que elas acreditam no que os homens falam sobre elas. Elas acreditam que elas precisam apoiar um homem. E há alguns homens bons e dignos de serem apoiados, mas não por serem homens, mas porque eles valem a pena. Como mulheres, nós temos que começar a apreciar nosso próprio mérito. Procurem mulheres fortes para que sejam amigas, para que sejam aliadas, para aprender com elas, para as inspirem, apoiem e instruam.

Estou aqui mais porque quero agradecer do que para receber esse prêmio. Agradecer não apenas a todas as mulheres que me amaram e me apoiaram ao longo do caminho; vocês não têm ideia de quanto o apoio de vocês significa. Mas para aqueles que duvidam e para todos que me disseram que eu não poderia, que eu não iria e que eu não deveria, sua resistência me fez mais forte, me fez insistir ainda mais, me fez a lutadora que sou hoje. Me fez a mulher que sou hoje. Então, obrigada.”

Obrigada Madonna por ser quem é e por inspirar tantas mulheres ao redor do mundo, mostrando que podemos ser o que quisermos mesmo com todas as adversidades.

E hoje, 16 de agosto, é também o aniversário de outra leonina porreta, minha mamys!