- 2 quilos em uma semana e isto não é uma boa notícia

– 2 quilos em uma semana e isto não é uma boa notícia

Depois de uns alguns dias meio off – passei o Carnaval doente e agora estou em tratamento – pretendo voltar ao ritmo normal por aqui e resolvi contar sobre a minha experiência de perder dois quilos em uma semana e o quanto isto não é uma boa notícia.

Vivemos em um mundo que valoriza a magreza, parece que quanto mais magra mais bonita e feliz devemos estar. Infelizmente este ideal de beleza e magreza não é saudável e torna nossa sociedade cada dia mais doente, fazendo que mulheres principalmente, literalmente se matem para alcançar um ideal que nunca vai se tornar realidade porque a magreza ideal não é viável para seres humanos que ainda somos.

Nunca fui gorda – pelo contrário – sempre fui magrela e sim também sofri bullying por ser magra (lógico que o bullying contra pessoas acima do peso é muito maior e mais agressivo). Meus apelidos de criança e adolescente eram pau de virar tripa e Olívia Palito, também escutava que era a nadadora oficial da família (nada de frente= pouco seio, nada de costas= nada de bunda, apesar do quadril largo).

Não me ligo muito em peso, quuase nunca me peso, geralmente são minhas roupas que denunciam um novo peso, se ficam largas já sei que emagreci, se apertam, engordei e vou levando a vida assim, sem me importar com a balança.

Mas, sempre existe um porém, e por isto resolvi escrever este texto: além da anemia que tenho desde de sempre (tenho aquele tipo conhecida como Anemia do Mediterrâneo, uma anemia genética, minha mãe também tem e uma das minhas irmãs também), também tenho depressão química – não produzo serotonina na medida certa para mim – e depois de testar vários tratamentos para depressão o médico (neurologista que chegou no diagnóstico de depressão química) chegamos a conclusão há alguns anos que precisava engordar para reduzir as crises depressivas. Quanto menos magra estou, menos chance de crise de depressão eu tenho. Medicação para a vida toda: comer chocolate diariamente, já que o chocolate ajuda na produção de serotonina. Depois de vários antidepressivos e acompanhando minhas alterações de peso (tenho dificuldade para engordar, para emagrecer é mais rápido) e chegamos no peso mínimo de 50 quilos (na época, pesava 48). Desde então, tento manter os 50 quilos no mínimo (alguns amigos e familiares acham que fico ótima com 52/53).

Não me senti bem dias antes do Carnaval e passei o feriado comendo pouquíssimo, até para mim que naturalmente como pouco. Tinha medo de comer e colocar tudo para fora (tive diárréia vômitos). Conclusão: Perdo facilmente 2 quilos e voltei para os 48. Um peso que talvez muitas mulheres sonhem, mas que pra mim significa fraqueza e baixa resistência. Eu não estou saudável porque emagreci, pelo contrário, emagreci por estar doente.

Assim como eu, muita gente pode emagrecer quando fica doente e o povo sem noção ainda fala: que bom, você emagreceu! Para mim, não falam, pelo contrário, geralmente escuto: está parecendo um cadáver, que cara de doente.

Hoje li um texto num site que eu amo – o Juicy Santos – com um relato de uma situação presenciada ontem no emissário submarino, em Santos, com um treinador de patinação falando para pais de uma garota de no máximo 12 anos que ela deveria emagrecer para patinar melhor e ainda com comparação com outra garota – que pode ser irmã ou amiga da garota menos magra. https://www.juicysantos.com.br/vida-caicara/opiniao/quando-as-minhas-curvas-deslizam-mais-que-os-patins/

 

Eu fiquei extremamente triste com isto assim como no Carnaval não gostei de ver que uma das minhas sobrinhas adolescentes se acha gorda, por isto, mesmo sem sofrer gordofobia, afinal não sou gorda, resolvi contar que nem sempre ser magra é sinal de saúde. Em tempo, atua na luta contra a gordofobia desde 2010 e tenho muito a agradecer as gordas maravilhosas com quem tenho o prazer de conviver pelas aulas de autoestima e resiliência além do bom humor para encarar o preconceito.

Simplesmente parem! Não podemos viver nesta neura da magreza absoluta sempre! Magreza não é sinônimo de saúde e gordura não é sinônimo de doença.

Vamos mudar isto? Seja gorda, seja magra, tenha o peso que tiver, se ame, se aceite e cuide da sua saúde! No final, a saúde é o que importa.

#bodypositive #nãoagordofobia #peseoquequiser