Festival Internacional do Valongo realiza ação com população do Dique da Vila Gilda
No início de outubro (de 04 a 08 de outubro) acontece mais uma edição do Festival Internacional do Valongo, em Santos.
E uma ação mega bacana do Festival nesta edição é uma ação de inclusão social e digital com moradores do Dique da Vila Gilda, a maior favela de palafitas do Brasil. Os moradores poderão fazer fotos do bairrp de celulares (mobgrafia) e as que forem escolhidas por uma comissão serão expostas no Festival. E os interessados podem participar de oficinas nos dias 26, 27 e 28 de setembro que ensinarão a utilizar os celulares na produção de fotografias, fundamentos básicos da arte fotográfica e passeio de imersão pelas passarelas e vielas do Dique.As oficinas serão oferecidas gratuitamente aos moradores graças a uma parceria entre a MOBgraphia Cultura Visual, de São Paulo, a TUmobgrafia (ambos movimentos dedicados à fotografia mobile), o Estúdio Madalena (realizador do festival) e o Instituto Arte no Dique. O objetivo do trabalho é, além de documentar como acontece a vida naquela região da cidade, contribuir para a recuperação da autoestima dos moradores. Formado em grande parte por imigrantes do Norte e Nordeste do país, o Dique da Vila Gilda adotou esse nome em memória à parteira que ajudou no nascimento dos filhos das primeiras mulheres que chegaram à região (estamos falando de sororidade e girl power também). Originalmente pescadores, os moradores foram mudando de profissão à medida em que a degradação da área de manguezal aumentou.
É o tipo de ação para tirar o chapéu mil vezes já que trabalha com a autoestima das pessoas do bairro e faz com que vejam o local onde moram por outros ângulos além do cotidiano! Eu amo ações assim.
Com mais de 22 mil pessoas vivendo em barracos improvisados sobre os mangues da cidade de Santos, litoral de São Paulo, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Dique da Vila Gilda é a maior favela sobre palafitas do Brasil. Seus incontáveis becos e vielas estreitas ocupam uma área de milhares de metros quadrados sobre o Rio do Bugre, na Zona Noroeste. A pontuação de Santos no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é equiparável à da Noruega. Porém, enquanto a média de renda dos moradores da orla da praia do Boqueirão é de R$ 4 mil, por exemplo os da Vila Gilda é de R$ 400,00”. Ainda que o IDH da cidade ocupe a 6º posição no ranking dos municípios brasileiros, a enorme desigualdade social ainda é um desafio a ser trabalhado e vencido pelo Poder Público.
Os manguezais são ecossistemas costeiros que se formam no encontro de águas doces e salgadas. Esses sistemas concentram grande quantidade de matéria orgânica em decomposição, que alimenta desde crustáceos e peixes até aves e mamíferos. São também os manguezais o berço de reprodução dessas espécies. A ocupação ilegal dessas áreas, mais a contaminação química provocada pelas grandes indústrias instaladas na região são as responsáveis pelo estado de degradação do Dique. Sem saneamento básico, as moradias possuem vasos sanitários improvisados sobre buracos abertos no chão de madeira dos barracos. Os dejetos vão parar, sem qualquer tratamento, sobre a maré. A mesma maré em que as crianças que lá vivem mergulham e nadam todos os dias nos meses mais quentes do ano.
Os fotógrafos Cadu Lemos e Ricardo Rojas, da MOBgraphia Cultura Visual, mais os fotógrafos André Luiz Saleeby e Tom Leal e o jornalista Maurício Businari, da TUmobgrafia (sou suspeita, mas admiro muito o trabalho deles), serão os responsáveis pelas oficinas. Quem for morador do Dique da Vila GIlda e quiser participar da iniciativa, é muito fácil. Basta ter um aparelho celular e vontade de aprender a fotografar. Os interessados devem se inscrever no site do Arte no Dique (www.artenodique.org). O instituto fica na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1.349, no Rádio Clube. O telefone é 3291-9464.
Bora lá fotografar galera do Dique! A arte transforma e inspira.