Carta de amor para minha amada Santos
Santos comemora 471 anos, hoje, 26 de janeiro, e minha singela homenagem chega em forma de carta de amor pela cidade que escolhi para viver e para ser a sede do blog Suzanices, a cidade que eu amo de alma e coração.
Meu amor por Santos começou muito cedo, quando tinha uns quatro anos já sabia que era aqui que eu gostava de estar. Tanto amor definiu inclusive o time do meu coração em uma família formada basicamente por são-paulinos a pequena do alto de seus 4 anos declarou: eu torço pro Santos. Mas por que? Ora, é o time da cidade que eu gosto!
A cada férias, feriado, temporada em Santos o amor só fazia aumentar e veio a determinação: vou morar em Santos! Muita gente não botou fé no meu sonho e na certeza que tinha. Pois bem, na hora do vestibular é lógico que prestei em uma faculdade de Santos também. Para minha sorte fui aprovada no curso de jornalismo da UniSantos e o resultado foi um dos primeiros a sair. Meu sonho estava prestes a se realizar.
A comemoração por ter entrado na faculdade foi na praia, com meus amigos caiçaras e os de Sampa também. Teve até ovada. A felicidade era tamanha e a certeza de que moraria em Santos muito em breve. Dito e feito. Entrei em outras faculdades também, mas já tinha feito a matrícula em Santos e a decisão já esta tomada, era aqui que queria estudar. Isto foi lá em 1990.
Filha mais velha em uma família de ascendência árabe sofri alguns contratempos para acalmar meu pai de que era a melhor decisão. Contei com o apoio fantástico de um saudoso santista, Luiz Gonzaga Alca de Sant’anna que conversou muito com meus pais.
Meu pai acabou concordando, meio ressabiado, achava que eu não aguentaria viver sozinha, dar conta do ap, cuidar de mim mesma sozinha e estudar, e tinha medo afinal Santos era vista por alguns como antro de drogas, prostituição e AIDS, mas aos poucos percebeu que minha decisão era acertada e que estava sim dando conta do recado e o melhor de tudo – feliz da vida.
Foram quatro anos – de 1990 a 1993 – intensos, apaixonantes, onde me descobri sem máscaras – até hoje digo quem em Santos é onde sou mais eu mesma, sem medo de errar ou não agradar, é onde sou livre, leve e solta. Uma coisa de alma mesmo. É o meu lugar no mundo.
Amizades maravilhosas – que me acompanham até hoje, sonhos realizados, evolução emocional, espiritual, enfim, eu me encontrei. Vivi aqueles anos da forma mais intensa e apaixonada possível. Eu sou assim, tem que ter paixão em tudo que faço.
Depois voltei pra Sampa, fui para Londres por um ano, voltei pra Sampa mas sempre com a certeza: um dia volto a morar em Santos, a ter qualidade de vida, poder olhar o mar, caminhar na praia, encontrar as pessoas no meio da rua e parar para conversar (isto foi uma das coisas que mais marcaram quando vim morar aqui em 90, as pessoas param para conversar na rua, em Sampa a gente vê um conhecido e acena com a cabeça enquanto continua andando).
Santos é engraçada, é grande, não depende do turismo como várias outras cidades de praia, tem o lifestyle mais parecido com o Rio de Janeiro que com São Paulo, mas as vezes é tão provinciana. Santista costuma ser bairrista. Eu particularmente nunca tive problemas com isto, talvez por amar tanto a cidade e transmitir isto que muitas vezes acham que sou daqui. Uma das coisas que adoro fazer é simplesmente flanar pelas ruas, principalmente aquelas que ainda contam com casas e são arborizadas, parece que estou em outro tempo, mais romântico e menos corrido.
Algumas das melhores histórias da minha vida e – roubadas – foram vividas aqui. Ai que saudades de lugares como Los Locos e da Euclides da Cunha na época, com o prédio da FACOS e os barzinhos ao lado, entre tantos outros lugares. Muito ao som das bandas santistas que viviam um excelente momento naqueles anos 90. A minha favorita era Mr. Green.
Há alguns anos descobri uma ligação com Santos, de um dos meus avôs, o pai da minha mãe que morreu logo depois que eu nasci. A mãe dele veio grávida para o Brasil e ele nasceu em Santos. Tinha um carinho todo especial pela cidade e apesar de são-paulino adorava o Santos, era até sócio (em uma faxina em casa minha mãe achou a carteirinha dele do Santos Futebol Clube que eu guardo como um amuleto). Incrível que este meu avô é muito presente na minha vida, mesmo sem ter conhecido. Minha avó até morrer me contava que ele negociou minha vida e a dele com Deus – nasci prematura, com anemia, baixa resistência orgânica e outras coisinhas mais – e todos estavam muito preocupados se eu viveria ou não e ele negociou com Deus mais ou menos assim: é a primeira filha da minha filha caçula e eles queriam tanto um filho, deixe ela aqui e me leva, já vivi o bastante, casei todas minhas filhas, conheci netos. Ele morreu dez dias depois que eu nasci. Minha mãe diz que sou a mais parecida com ele no jeito e modo de pensar.
Meus pais afirmam que eu fui gerada em Santos. Estavam casados há dois anos e tentando engravidar, minha mãe marcou um médico especializado em fertilidade, mas antes veio passar uma temporada em Santos. Nem foi ao médico porque engravidou antes da data da consulta.
Agora cá estou novamente, de volta ao meu lugar no mundo, ousando realizar um outro sonho: o blog Suzanices. E para completar é aqui que pretendo realizar meu maior sonho: engravidar e criar minha filha ou filho aqui, podendo ter um estilo de vida mais agradável, saudável e especial.
Santos, cidade da minha alma, com todo o meu amor te desejo: Feliz aniversário! E que viver aqui continue a ser maravilhoso e inspirador.